domingo, 7 de março de 2010

Algumas reflexões - MREL4


A breve leitura que efectuei sobre as obras disponibilizadas trouxe-me uma série de conhecimentos sobre recursos educacionais abertos. Curiosamente desconhecia a existência de movimentos que consideram que a aprendizagem implica a reutilização de materiais online. É certo que já me tinha apercebido da existência de alguns materiais online que servem de apoio às mais diversificadas tarefas que efectuo na minha vida profissional; contudo pensei que muitas vezes estava a recorrer a algo de forma menos legal (e na maior parte das vezes a infringir a lei). Actualmente consigo perceber que existem recursos que podem ser utilizados e reutilizados (porque podem ser modificados) sendo que , apesar de terem direitos de autor, são recursos disponibilizados online com um fim educativo, o que releva o altruismo de um movimento de pessoas que, efectivamente, contribuem para o desenvolvimento da educação e, no verdadeiro sentido, da aprendizagem.
Aliada a estes movimentos surge uma nova teoria da aprendizagem - o conectivismo - que assenta na ideia de que o ser humano é um ser capaz de estabelecer ligações a vários níveis e, será tanto mais 'rico' em termos de aprendizagem, quanto maior os níveis de conexões (ligações) que for capaz de efectuar. Ora esta 'nova' teoria é recorrente de algumas mais antigas - nomeadamente o construtivismo que manifesta a necessidade da interacção do indivíduo (ser dotado geneticamente de uma vasta série de predisposições) com o meio ambiente -; segundo Piaget nós vamo-nos contruindo (a nossa personalidade) com as interacções que vamos efectuando, de forma construtiva e activa; esta nova teoria de Siemans vem um pouco nesta continuidade construtiva, mas alia às construções do agente o número de conexões que este vai elaborando; somos construtivos não só com um mundo presente na realidade, mas também construímos com uma realidade virtual. Esta parece-me ser uma nova perspectiva que possibilita ao indivíduo uma construção activa de si, mesmo com aquilo que não faz parte da sua realidade presente, o que lhe (nos) possibilita um maior enriquecimento.
Para além das vantagens da virtualidade surge-me um pequeno grande problema: a conexão (relação com várias realidades) traz o problema da seriação da informação. Ora parece-me que é precisamente aqui que deverá entrar em acção o educador / professor. Online existe um sem número de informação (boa, má e assim assim) que sem capacidade de seriação nos traz mais desinformação do que informação; por isso o educador tem um papel fundamental no desenvolvimento da aprendizagem: ajuda a seriar, proporciona recursos / meios de recolha / seriação de informação ajudando à assimilação da mesma (como se estivesse numa bibliteca gigante e tivesse de recorrer aos ficheiros para seriar os melhores livros). Neste sentido o tema do Compose e Adapte da obra de Willey manifesta-se como um poderoso roteiro de formação / reformulação de recursos, deixando sempre em pauta a importância daqueles a quem se destina e o ambiente em que será usado (as circunstâncias que rodeiam a aprendizagem). A forma como se processa a transmissão da informação (use) é fulcral e sem se saber fazer uso dos recursos online parece-me que, efectivamente, tudo o resto não terá sentido.
Assim sendo posso concluir, pessoalmente e ainda um pouco a sangue frio e sem saber muito bem as consequências daquilo que destas novas realidades poderá surgir , que estamos a atravessar um deserto de valores a nível pessoal, social, educacional (entre outros) sendo que o instrumento computador e todas as suas potencialidades poderão ser positivos ou negativos; isso dependerá do uso que se lhe der, mas uma coisa é certa: esta nova transição é tão grande que me parece só se poder comparar àquela que surgiu com o aparecimento da escrita.

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